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domingo, 2 de junho de 2013

DIGA NÃO AO TABACO (FUMO).

Sem tabaco

Publicação: 02 de Junho de 2013 às 00:00
Isaac Ribeiro - repórter e editor
O uso do tabaco encabeça a lista das ameaças universais à saúde. No entanto, podemos ver estímulos ao tabagismo em vários lugares. Proibir a publicidade de cigarros é uma das lutas da Organização Mundial de Saúde (OMS), ação ressaltada inclusive no Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado na última sexta-feira, 31. De acordo com um estudo realizado pela entidade, um terço dos jovens que experimentam fumar é estimulado por propaganda.
Há anúncios de cigarro em várias ações da indústria do tabaco — seja em eventos com a presença de jovens ou nos pontos de venda, inclusive com carteiras de cigarro dispostas ao lado de balas ou chicletes e até em padarias. Isso faz com que crianças e adolescentes percebam essa presença, mesmo de forma inconsciente.
A última edição da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel Brasil 2011), do Ministério da Saúde, 11% da população maior de 25% anos é fumante; algo em torno de 250 mil pessoas.

Mas o Brasil vem obtendo resultados positivos na guerra contra o cigarro. O número de fumantes no país caiu em duas décadas, passando dos mais de 30% para para 16,8%. O motivador dessa queda não foram as campanhas publicitárias contra o fumo, e sim uma maior taxação de impostos.
Os efeitos nocivos do cigarro são muitos; e com consequências muitíssimo sérias, sendo o câncer de pulmão uma das mais graves. O fumo também é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão diagnosticados no mundo têm relação direta com o tabagismo. Os fumantes têm risco de 20 a 30 vezes maior de desenvolver a doença do que as pessoas que não fumam.
O câncer de pulmão foi o tipo da doença que mais provocou mortalidade entre os homens nos últimos anos e o segundo mais letal entre as mulheres.
Para diminuir os riscos de desenvolver um câncer de pulmão, só mesmo parando de fumar. Mas isso não é tarefa das mais fáceis; e envolve além de muita força de vontade, auxílio psicológico e medicamentoso.
São várias as reações em quem entra no processo de largar o cigarro; de alterações no sono a crises de abstinência movidas a bastante irritação, ansiedade, tremores, sudorese e até mudança no hábito intestinal.

Parar de fumar requer ajuda


Parar de fumar requer muita força de vontade. Pelo menos é o que diz a maioria das pessoas. Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 80% dos pacientes fumantes desejam abandonar o vício. Porém são poucos os que conseguem êxito espontaneamente, sem nenhum tipo de ajuda. Na verdade, mais de 90% precisam de auxílio para parar de fumar.
É o que afirma o pneumologista Paulo Roberto Albuquerque. Segundo ele, para que se obtenha sucesso e não tenha as temidas crises de abstinência, essa ajuda contra o vício em tabaco precisa ser psicológica e medicamentosa.
“Isso baseado na hipótese de que o vício no fumo é uma doença; a dependência que a pessoa tem da nicotina. O fumante é um dependente da nicotina. E para se livrar dessa doença não é fácil”, comenta o pneumologista, citando ainda a reposição de nicotina a partir do uso de adesivos ou goma de mascar.
Com relação aos medicamentos, Paulo Roberto Albuquerque cita como os mais utilizados a bupropiona, para tomar diariamente, e a vareniclina; ambos por via oral.
“Essas pessoas, ao cabo de duas ou três semanas, passam a não ter mais vontade fumar e não apresentam mais a chamada crise de abstinência, que é aquela fissura, aquela vontade irresistível de voltar a fumar — na verdade, de voltar a ter a nicotina”, diz Paulo RobertoEle esclarece que essas drogas inibem a ação da nicotina e liberam a substância que proporciona prazer. “É provável que entre 60% a 70% das pessoas parem de fumar com esses medicamentos. Mas o que tem mais índice de sucesso é a vareniclina.”
Mas como nada é fácil para quem quer se livrar docigarro, os dois medicamentos apontados pelo pneumologista custam caro. Porém, de acordo com ele, o Sistema Único de Saúde, os governos e as secretarias têm disponibilizado trabalhos, esforços, no intuito de distribuir essas drogas para os pacientes que realmente desejam abandonar o vício e se submeter a programas.
“Aqui em nosso estado existem programas de cessação com bom êxito e onde esses medicamentos podem ser disponibilizados. E nas clínicas privadas, os médicos, pneumologistas principalmente, estão habilitados a fazer esse tratamento.
Mas não é só medicamento. É necessário haver um acompanhamento diário para identificar possíveis fatores de recaída. “Parar de fumar significa mudar de vida. A pessoa vai deixar um hábito que tinha a vinte, trinta anos. E isso não é fácil”, reflete Paulo Roberto Albuquerque.

Ex-fumante

Um quadro do médico Dráuzio Varela no programa Fantástico, da Rede Globo, foi determinante para que a guia de turismo Rosana Santos do Nascimento, 49 anos, iniciasse a sua luta contra o cigarro. Ela seguiu as dicas e hoje comemora os benefícios de ter abandonado o vício. Isso foi há dez anos.
Parar de fumar mudou a vida de Rosana. Ela conta que sem cigarro passou a se sentir verdadeiramente saudável. Hoje ela se sente bem melhor, com mais resistência física, a respiração melhorou, sente melhor o cheiro da comida e até os cabelos mudaram para melhor. “Antes eu era cinza, ofuscada.”
Largar o cigarro foi a coisa mais difícil da vida de Rosana, de acordo com a própria. “Chorava todos os dias. Sentia o cheiro do tabaco saindo pelos poros. Me desesperei, fiquei altamente depressiva. A primeira semana foi cruel”, lembra ela. “Até hoje tenho medo de voltar a fumar!”
Algumas dicas de Dráuzio Varela foram fundamentais para Rosana abandonar o cigarro. A primeira foi marcar a data para parar, mesmo que tivesse pequenas recaídas. Outra orientação do médico foi beber água todas as vezes que a vontade de fumar aparecesse.
“Foi fundamental. E a água me acompanha até hoje”, afirma Rosana, que engordou cerca de dez quilos desde então. “É difícil assumir que se quer parar de fumar. Assumir um vício sempre é muito difícil.”

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